A eterna descriminação do artista


O alarme do despertador serve para dizer a hora de ir dormir (não de acordar).
O café e coca-cola são ferramentas de trabalho.
Chateares-te com objectos inanimados é normal.
Dormes em pé em qualquer lugar.
Ouves todos os cd’s em menos de 48 horas ou o mesmo cd durante 48 horas seguidas.
Perdes a chave de casa por uma semana e nem notas.
Usas um cartão de memória inteiro para fotografar uma peça de roupa.
Muitas vezes, tomas café da manhã, almoças e jantas numa só refeição.
Os amigos dizem: “Que lindo! O que é isso?”.
O feriado é apenas um dia a mais para colocar o trabalho em dia.
Tens mais fotografias de coisas do que de pessoas.
Sabes mexer no Photoshop, Corel Draw, Free Hand e Illustrator mas não sabes mexer no Word.
Compras revistas de 50 euros e não tens tempo para ler.
Não consegues olhar para os objectos (e logótipos) e roupas sem melhorá-los no teu pensamento.
Passeios no shopping e no supermercado viram exercícios críticos de análise de projectos alheios .
Perguntam-te constantemente "Que cara e essa?".
Mudaste o teu vocabulário: trabalho por entrega, bola por esfera, gente por utilizadores e olá por "O que foi agora?".
Não entendes como se pode gastar menos de 10 € numa livraria.
Odeias que os teus pais digam: "Vai dormir agora" ou "Se de todas as formas não vais terminar…vai para a cama já"; ou mesmo a simples pergunta "Falta-te muito" te pode chegar a irritar.
Estás farto de ouvir dizer: "O teu trabalho deve ser giro…era esse o meu sonho…mas, …".
Os teus amigos tem um conceito de TRABALHO diferente do teu, dizem sempre: "Fazes depois", ou "Pedes a alguém…" ou ainda "Não o faças"
Dormiste mais de 20 horas seguidas no fim-de-semana?
Podes discutir com legitimidade a quantidade de cafeína de diferentes bebidas e sua respectiva eficácia.
Não importa o quanto te esforces para fazeres o teu melhor projecto, alguém dir-te-á sempre "Porque não mudas isto ou porque não pões aquilo?" ou "Vais pelo bom caminho mas ainda te falta…".
Não és visto em público sem olheiras.
Quando te fazem um convite, acrescentam: "…, ou tens trabalho?"
És capaz de reutilizar o impensável para fazer um projecto.
Dançaste a música mais foleira com coreografia e tudo às 4 da manha sem uma única gota de álcool no teu organismo.
Se alguém te diz: "Preguiçoso", "Tiveste um curso super relaxado" ou "é um trabalho fácil, não é como o meu"; queres assassinar essa pessoa.
Os teus pesadelos consistem em não chegar a tempo ou não terminar algo para um projecto a entregar.
Podes viver sem contacto humano, luz e comida mas se não podes pontapear algo, é o caos total.
Os teus pais têm medo de usar palavras como "bonito" ou "feio".
Não te importas com os carros desportivos. O teu favorito é o que puder levar a maior quantidade dos projectos.
Tens a marca do designer: um calo no dedo em que apoias o lápis.
Consegues dormir em qualquer superfície, seja ela, um teclado, uma mochila, os teus colegas, no chão, comida.
Estavas acordado em milhares de amanheceres mas não assististe a nem um.
Cada vez que aprendes a trabalhar num novo programa de desenho sentes-te super actualizado, no entanto cedo te dás conta de que existem mais 1000 programas.
Quando por fim tens tempo para sair os teus pensamentos são: "Que mal colocadas estão as casas de banho da discoteca", "este não é o melhor lugar para a saída de emergência” , ou “que raio de flyer ( ou cartaz) é este?”, “que tipografia é esta?”." ou "que raio de styling é que aquela miúda fez?”, “aquela mala seria..”.

És capaz de ver desfiles, ou filmes durante horas seguidas, sem ficar dormente.


Se és escritor, designer, realizador, stylist, cenógrafo ou artista de alguma maneira, vais meter a mão na cabeça e acenar com a cabeça positivamente ao longo da lista.

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